Segundo Censo de 2010, as 305 etnias indígenas brasileiras mantêm vivos 274 idiomas no país. E só agora, trinta e cinco anos após promulgada, a Constituição brasileira foi traduzida para o nheengatu.
A Constituição em nheengatu foi construída por 15 indígenas bilíngues, da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós.
O nheengatu é a única língua ainda viva hoje que descende do tupi-guarani antigo, tão tal que é conhecida como Língua Geral Amazônica. A raiz tupi legou para a língua brasileira infinitos vocábulos, como, por exemplo, o nosso sotaque nasal e com prevalência de vogais.
Mesmo diante de incessantes e contínuos ataques de um processo de colonização impiedoso, as línguas indígenas conseguiram sobreviver.
Conforme a ministra do STF, Rosa Weber “preservar e valorizar a diversidade linguística brasileira é fundamental para a construção de uma sociedade plural e inclusiva”.
Aproveitando a curiosidade, que tal uma dica de leitura? O repertório linguístico e cultural que se adquire com a leitura é fundamental para ampliar nossa compreensão de mundo e influencia positivamente na construção de uma escrita mais madura e acessível.
A dica de hoje é o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, líder indígena que, inclusive, participou ativamente do processo de construção da Constituição de 1988, fazendo protestos e discursos contra os retrocessos e ataques aos direitos dos povos tradicionais.